quarta-feira, 11 de setembro de 2013

TOP Gírias Gay Brasil

É fim de tarde de uma sexta-feira e a universitária Rafaela Albuquerque, 24 anos, diz que está “toda trabalhada no brilho” e pronta para fazer “carão” naquela noite. As amigas caem na risada. Rafaela não está só. Ela faz parte de um grande grupo de heterossexuais que utilizam as gírias. “Aprendo com os amigos gays ou pelo que vejo na internet. É despretensioso, fica divertido. Não é para levar a sério”, adverte.

“Toda trabalhada no brilho”, “Mara”, “Carão”, “Arrasou” e “Tô passada” são apenas algumas das expressões que você pode até não utilizar no seu vocabulário, mas já ouviu muita gente falar por aí. Elas saíram do mundo dos gays, das lésbicas e simpatizantes e se disseminaram entre os falantes em geral. “Existem várias gírias. Algumas a população em geral utiliza, mas tem aquelas que só o gay entende, mas é divertido ouvir sua mãe falar: ‘Tá uó’”, conta um jovem gay.

As gírias se espalharam pela internet, por blogs e redes sociais. A TV também contribuiu, com programas de humor e reality shows. Por esses canais, expressões antes restritas à comunidade gay estão ficando populares entre os héteros. A personagem Katylene, criada por Daniel Carvalho, é uma das responsáveis por disseminar o vocabulário gay na rede. Seu perfil no Twitter tem mais de 211 mil seguidores. No blog de Katylene quase todas as palavras são escritas de jeito diferente.

Na televisão, três participantes do reality show “Big Brother 10” eram gays. Um deles, o maquiador Dicésar, popularizou o “adogo!” (versão de “adoro”). Dois humoristas do programa “Pânico” imitam gente como Dicésar. As expressões “aloka” e “Uh, Lady Gaga!” ficaram famosas por causa deles.

Língua afiada
Em 2006 o jornalista Vitor Ângelo e o pesquisador da cultura homossexual Sylvio Martins lançaram "Aurélia - A Dicionária da Língua Afiada", sobre termos e expressões do universo. “A ideia surgiu de uma brincadeira entre nós quando trabalhávamos em um site gay da Zip,net, o supersite, no final dos anos 1990. Resolvemos reunir os termos gays e colocá-los uma parte do site que era aberto a colaborações. O site acabou, mas a ideia ficou até que a Editora do Bispo gostou do projeto e resolveu lançar “a dicionária, em 2006”, conta Vitor.

Ao longo de anos, os autores conversaram com amigos, entrevistaram homossexuais e coletaram uma infinidade de expressões que são usadas no Brasil. “Alguns termos a gente conhecia e usava, outros amigos de outras regiões do país nos mandavam. Muitas expressões nem eram tão usadas assim na época pelos heterossexuais. Mas com as novelas e as músicas começaram a usar termos do pajubá – nome original para termos gays – e, assim, foi se difundindo. É de certa forma uma contribuição dos gays para a língua portuguesa, mais humor por favor”, diz o jornalista.

Para ele, assim como os negros americanos ganharam identidade com o jazz e foram além da questão negra, universalizando-o, saindo do gueto, o pajubá - que no fundo é uma parte importante do humor gay, um traço importante da identidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) – vai além da questão homossexual e vai acabar universalizando-se também.

“Por isto o uso destas expressões pelos heterossexuais é mais que bem-vinda, pois nos tira do gueto”, ressalta Vitor. “Aurélia” foi superbem aceita entre a população. Talvez seja mais uma prova de que algumas expressões podem se incorporar de forma mais definitiva ao vocabulário geral dos brasileiros. Um luxo!
As gírias que estão na boca dos gays e heterossexuais
Aloka Interjeição de espanto diante de uma atitude louca de alguém.

Aham, Cláudia, senta lá  Expressão que concorda e ao mesmo tempo menospreza alguém. Surgiu com a apresentadora Xuxa, quando pediu a uma criança para voltar a seu lugar na plateia.

Murry  “Morri” com pronúncia de inglês. Significa não aguentar mais ou ficar espantado.

Fazer a egípcia  Ficar indiferente, superior. Remete às imagens das figuras antigas, de perfil.

Se joga, pintosa  “Vá em frente”.

Bee (ou bi)  Vem do vocativo “bicha”. É o modo de chamar outro gay.

Estar burning  Vem do inglês “burning” (queimando). É estar agitado ou ansioso.

Fazer aloka  Agir como louco. Ou ter atitudes inesperadas.

Toda trabalhada... Usada como um complemento como “toda trabalhada no brilho” ou “toda trabalhada no jeans”.

Fazer a Kátia  Fazer-se desentendido. Referência à cantora cega que fez sucesso no anos 80 com Roberto Carlos.

Arrasou  Admiração em relação a um ato bem-sucedido de outra pessoa.

Bafão  Confusão ou uma boa fofoca.

Carão  Fazer pose, debochar.

Dar a Elza  roubar.

Bofe  Homem heterossexual.

Mara  Abreviação de maravilha.

Racha  Utilizado para designar mulher.

Tô passada  Expressão de espanto e também de admiração.

Uó  Alguma coisa ruim.

Um luxo  Algo bonito, interessante.

Fonte: Gazetaonline.com.br

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